Caros Wind Bikers
Acedendo, com imenso prazer, ao pedido formulado pelo nosso administrador de blog – o nosso amigo Zén – escrevo esta pequena crónica que tem a sua origem num pequeno acontecimento ocorrido no passeio de Domingo, nomeadamente a passagem por um pequeno troço de reduzida largura, adjacente a um precipício com ida única para um abismo de 30 metros.
O pequeno acontecimento ocorrido leva-me a partilhar convosco pequenas vivências que tenho constatado no grupo e acerca das quais encontro-me, muitas vezes e de forma automática, a interrogar-me.
A primeira delas prende-se com o facto de todas as manhãs de Domingo, o mesmo grupo de pessoas encontra-se no mesmo lugar e parte, sabe-se lá muitas vezes para onde, para mais uma jornada que envolve um grande trabalho e esforço físico e que, o fim das manhãs, os traz a casa cansados e muitas vezes totalmente esgotados.
A segunda questão prende-se com o facto de qualquer pessoa, minimamente razoável, evitar, sempre que pode, os desafios que envolvem riscos, especialmente aqueles que se encontram associados à integridade física das pessoas.
No entanto, tenho vindo a constatar que a aversão ao risco não é o sentimento que predomina na linha da frente de cada WB, ao mesmo tempo que verifico que, em total oposição, o risco e o domínio do risco com as bikes é uma obsessão individual e a meta a atingir em cada troço pedalado.
Aparentemente, tudo isto é um pouco estranho para o comum dos mortais e, frequentemente, dizem-me: “que estupidez estares a sofrer tanto e a correr tantos riscos quando podes perfeitamente evitar tudo isto e praticares desporto, mesmo com bicicleta, de forma muito mais segura”.
De facto, estas vozes que frequentemente me avisam têm toda a razão do lado delas. Mas será que sem os riscos dos passeios de Domingo voltaríamos no Domingo seguinte a encontrarmo-nos à mesma hora? Sem os riscos seremos as mesmas pessoas que, nas Segundas-feiras seguintes, enfrentam uma nova semana de trabalho profissional?
Com certeza que todas estas questões têm respostas, muitas delas bastante interessantes. Fico a aguardar os vossos sábios comentários.
Boas pedaladas (com riscos mas com o conhecimento dos limites dos riscos).
Abraços a todos.
Hitecher
4 comentários:
Caros amigos, o risco ou a descarga de adrenalina por ele provocada é sinal que estamos a viver os momentos e não a passar por eles como se de uma qualquer insignificância se tratasse.
A noção de risco é diferente em cada um mas apesar disso o resultado é muito semelhante.
Existem aqueles que não gostam de viver intensamente por medo, comodismo ou por qualquer outra razão que só a eles compete saber e explicar. No entanto, e ainda bem que o assim é, de entre os Windbikers temos por lema, nem que seja só ao Domingo , desfrutar da amizade, do companheirismo e de toda a adrenalina que conseguirmos arranjar de forma a enfrentar mais uma semana de trabalho.
Lamentavelmente tenho andado um pouco arredado dos Bikers, por razões “competitivas”, lá está a adrenalina de novo, mas continuo com a certeza que domingo a domingo lá estarão prontos para mais uma manhã de diversão.
Boas pedaladas
“Ride to live, live to ride”
Sabes... há duas questões distintas no teu comentário: 1) a apetência pelo risco, de uma forma geral; e 2) a apetência pela adrenalina (produzida em grandes quantidades em situações próximas de morte ou ferimentos graves).
1) A apetência pelo risco não só não faz parte da nossa cultura (açoreana, ou portuguesa, se preferires), como é amíude encarada como uma falha nos indivíduos que a possuam. As iniciativas dos empreendedores são rapidamente dispensadas como gestos insensatos e os seus fracassos são encarados como alguma satisfação do tipo "eu bem te disse" ou "julgavas-te mais esperto do que os outros", em vez de oportunidades de melhoria, experiência e capacidade para reconhecer e evitar erros no futuro; (agora que aproveitei o blog para forçar a minha agenda profissional, vamos à seguinte)
2) Parece-me que o que nos move (na nossa forma modesta de pilotos de fim-de-semana) é uma mistura interessante de vontade de conseguir, com vício de adrenalina (bem mais viciante que nicotina e potencialmente mais perigoso, no curto prazo).
Existem mais algumas pequenas coisas: ir onde não iria, nem mesmo a pé; (pelo menos durante alguns km) não ter a companhia de motores de explosão; ter histórias para contar (mesmo que sejam de quedas), porque todos nós gostamos de contar e ouvir uma boa história.
Um abraço.
Caro Hitecher:
O lema escolhido para o nosso blog foi "take live in your hands... take the ride of your live".
Nessa altura estava convencido de uma coisa quase assim... e traduzi-o, mental e pessoalmente, para "a vida está nas tuas mãos... entra na corrida da vida"... Hoje, passado o tempo que passou, corridos os milhares de km percorridos, dadas as quedas ocorridas, feitas as amizades que temos, passados os momentos que passamos, as gargalhadas que demos, saboreadas as gotas de suor que nos correm pelas faces por vezes molhadas e sujas da terra que levantamos, o tremor dos músculos no final daquela descida, a exaustão daquela subida, passada aquela curva que escondia uma nova subida... mas chegar lá... conseguir chegar lá... tentar, pelo menos tentar, chegar lá... esta é a corrida da vida... e nós, que a corremos, fazemos também dela aquelas voltinhas de bike ao fim de semana...
Abraço
ZÉn
Bom Blog sim Sr. Nunca parem de mandar uns "rides" de preferência com risco e mt adrenalina.
Força.
Enviar um comentário